“Dentro”, um filme que aposta em suspense claustrofóbico e metáforas tecnológicas na Netflix

“Dentro”, um filme que aposta em suspense claustrofóbico e metáforas tecnológicas na Netflix

Redação | Hoje no Cinema

Divulgação

Publicado em 21/05/2025 às 08:09

No thriller psicológico Dentro, a Netflix entrega um exercício de claustrofobia e introspecção que foge dos padrões do survival drama tradicional. Lançado em 2023, dirigido por Vasilis Katsoupis em sua estreia no longa, o filme coloca Willem Dafoe em um cenário de luxo que se revela implacável.

O ponto de partida é simples e eficaz: um sofisticado ladrão de arte, após invadir uma cobertura de luxo, descobre-se prisioneiro de um sistema de segurança automatizado que bloqueia todas as saídas. A partir daí, cada objeto e cada engrenagem do espaço se tornam desafios, convidando o espectador a refletir sobre os limites do controle humano diante da tecnologia.

Direção precisa e atmosfera opressora

A estreia de Vasilis Katsoupis imprime ritmo contido e tensão crescente, aproveitando o espaço confinado como um personagem adicional. A direção de fotografia de Steve Annis explora contrastes de luz e sombra para ressaltar o desgaste físico e mental do protagonista.

A montagem de Lambis Haralambidis mantém o suspense, alternando momentos de silêncio pesado e instantes de ação súbita.

Performance visceral de Willem Dafoe

Dafoe assume cada cena com presença magnética e domínio total do espaço reduzido, convertendo gestos mínimos em declarações de desespero e determinação. Seu trabalho corporal e expressões faciais carregadas transmitem a progressiva erosão da sanidade de Nemo, equilibrando fragilidade e resistência.

É um espetáculo de atuação que prende a atenção mesmo na ausência de outros diálogos ou personagens ativos.

Metáforas tecnológicas e reflexões atuais

Mais do que um mero thriller de sobrevivência, Dentro propõe uma análise sobre a dependência moderna de sistemas automatizados.

O sofisticado mecanismo que isola o protagonista representa o paradoxo de casas inteligentes que prometem conforto e segurança, mas podem se transformar em armadilhas sem intervenção humana.

A metáfora se estende ao debate contemporâneo sobre privacidade, vigilância e autonomia no ambiente doméstico.

Trilha sonora e design de som

A trilha de Frederik van de Moortel reforça a atmosfera opressora com temas sutis que crescem em momentos-chave, enquanto o design de som faz de cada clique de fechadura ou ruído mecânico uma fonte de agonia.

O silêncio pontual ressalta o isolamento e amplifica a tensão, convidando o espectador a ruminar sobre cada batida e cada suspiro.

Essa engenharia sonora transforma o apartamento em um espaço psicológico onde o som é tão vital quanto a imagem.