Crítica | ‘Annabelle’: ela não sabe brincar [CONTÉM SPOILERS]

Publicado em 24 de outubro de 2014

Por um tempo, parecia que horror moderno seria definido por filmes que se deliciariam na excessiva violência e tortura e menos por filmes feitos para empurrar o público para o cinema (e confortá-los o suficiente para que eles voltem para a sequência no próximo Halloween). Mas, com uma onda de filmes de “found footage” que insinuavam mais do que mostravam, parecia que horror estava sendo recuperado, se não exatamente pela sutileza, mas sim, pela capacidade de convencer através do medo, mais do que apenas a violência extrema. Isto atingiu o seu ápice verão passado, com 'A Invocação do Mal', um filme baseado numa história verdadeira. E onde há um sucesso, há uma franquia, especialmente no mundo de baixo custo do horror, de modo que, pouco mais de um ano depois de 'A Invocação do Mal', que fez o público se “mijar” de medo, vem 'Annabelle', um “prequel” centrado em torno da boneca assombrada do filme original. 

Este novo filme abre com imagens de  'A Invocação do Mal', uma boa "sacada", visto que nem todo mundo que está vendo 'Annabelle' assistiu àquele. E é essa mesma cena com duas jovens enfermeiras falando sobre como a sua boneca, chamada Annabelle, estava aterrorizando-os em seu apartamento, que é onde tudo recomeça. O filme então volta alguns anos, com as circunstâncias em que criaram esta “boneca demônio”. Infelizmente, a história de origem da boneca é terrivelmente maçante. Intencionalmente ou não, a coisa toda cheira a ser um caça níquel cinematográfico, como são tantas outras sequências. Mas isso não afeta o desenrolar da história, que prende o espectador.

Filmes de terror centrados em torno de bonecas possuídas não traz nada de novo. Porém, há algo assustador sobre os rostos de porcelana estáticos de bonecas e na ideia de que, quando as luzes se apagam, eles poderiam se movimentar com alguma intenção sinistra. Mas, na maioria desses projetos, são dados caráter e personalidade aos bonecos. Em 'Annabelle', a boneca é apenas um objeto, que foi criada em torno de uma visão fantasmagórica. A boneca em 'Annabelle' não é nada mais do que um ser inanimado que, através de iluminação suave e muita maquiagem, sugere-se ter uma personalidade, mesmo que o cineasta nunca deixe claro que ela realmente tem a capacidade de vir para a vida e, digamos, esfaqueá-los com uma faca de cozinha. 


Este novo filme abre com imagens de "Invocação do mal", uma boa ‘sacada’, visto que nem todo mundo que está vendo Annabelle assistiu àquele. E é essa mesma cena com duas jovens enfermeiras falando sobre como a sua boneca, chamada Annabelle, estava aterrorizando-os em seu apartamento, que tudo recomeça. O filme então volta alguns anos, com as circunstâncias em que criaram esta “boneca demônio”. Infelizmente, a história de origem da boneca é terrivelmente maçante; intencionalmente ou não, a coisa toda cheira a ser um caça níquel cinematográfico, como são tantas outras sequências, mas isso não afeta o desenrolar da história, que prende o espectador.



Filmes de terror centrados em torno de bonecas possuídas não traz nada de novo, porém, há algo assustador sobre os rostos de porcelana estáticos de bonecas e na ideia de que, quando as luzes se apagam, eles poderiam se movimentar com alguma intenção sinistra. Mas, na maioria desses projetos, são dados caráter e personalidade aos bonecos; em "Annabelle", a boneca é apenas um objeto, que foi criada em torno de uma visão fantasmagórica. A boneca em "Annabelle" não é nada mais do que um ser inanimado que, através de iluminação suave e muita maquiagem, sugere-se ter uma personalidade, mesmo que o cineasta nunca deixe claro que ela realmente tem a capacidade de vir para a vida e, digamos, esfaqueá-los com uma faca de cozinha. 


John R. Leonetti ('Efeito Borboleta 2' e 'Mortal Kombat 2') assina a direção de 'Annabelle'. Diretor de sequências, ao que parece, fez um filme com alguns picos de emoção, poucos sustos e todos os clichês reunidos. A julgar pela sua filmografia, fez o seu melhor até o momento se utilizando de inúmeras referências de clássicos do terror, como 'Helter Skelter', (quando o jovem casal está assistindo ao noticiário das mortes cometidas por Charles Manson, parece que a ansiedade com o suposto surto satânico se reflete dentro de casa, com Mia se sentindo isolada e desconfiada, às vezes de seu próprio marido. O diabo que aparece na garagem e sobe escadas lembra muito o “Pazuzu” de 'O Exorcista – O Herege'. Há também a sugestão de que os outros inquilinos estariam envolvidos em adoração ao diabo, a mudança para um novo apartamento (e o fato de que o nome do personagem principal é Mia, bem como Mia Farrow, atriz principal de 'O Bebê de Rosemary', sem esquecer o carrinho da filha do casal). Parece, inicialmente, que o marido está passando muito tempo longe de casa, não porque ele é um médico, mas porque ele está tendo um caso ou, ainda mais malevolamente, é um membro do mesmo culto que os invasores do início fizeram parte. Mas não. Ele é apenas um médico. E ela é apenas uma dona de casa. E é isso.

'Annabelle' está aquém de ser um clássico, mas ao que se propôs, conseguiu ser mais do que apenas o bater dramático de portas de quartos e piscinas de sangue.  

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